Jornal O GLOBO - em 07/12/10 às 9h19m
Artigo do Leitor Paulo Renato Cardoso
Por falta de uma política séria de transportes no Brasil, nossas vidas correm sério perigo nas estradas federais e estaduais. Uma das mais perigosas é a BR-101, construída nos tempos dos governos militares e que encontra-se saturada devido ao alto fluxo de carros, caminhões e ônibus.
O trecho que liga a cidade do Rio de Janeiro a Campos dos Goytacazes, no norte do estado, foi privatizada no governo Lula, cobra pedágios a cada 60 km e, invariavelmente, encontra-se em manutenção do asfalto em vários trechos de toda a sua extensão, tornando o tempo para chegar ao destino maior do que deveria. Isso ocorre por conta da falta de balanças para disciplinar o peso que cada caminhão pode transportar, sem danificar a estrada, elevando a sua vida útil.
Se o nosso atraso não permite transportar mercadorias pela estrada de ferro, ao menos que passe a servir ao transporte de passageiros, mais rápido, confortável e seguro
Trafegam por lá caminhões exageradamente grandes. Ultrapassar essas verdadeiras locomotivas sob pneus configura um sério risco para os motoristas, principalmente para carros pequenos, que são a grande maioria, onde o fluxo de veículos mais parece de uma avenida. Não é de se admirar a quantidade impressionante de acidentes fatais que ocorrem diariamente. Um dos motivos é não haver trechos com a chamada terceira faixa, exclusiva para caminhões e que tornaria as ultrapassagens mais seguras.
O pior de tudo é que, embora privatizada, não parece constar no contrato a construção destes trechos ou mesmo sua duplicação. A falta de uma política de transporte dos governos federal e estaduais é muito séria, a ponto de deixar abandonada há anos a estrada de ferro que liga o Rio a Campos dos Goytacazes. Nem para transporte de passageiros ela é utilizada. Uma vergonha para um país que pretende se comparar a China e Índia em termos de desenvolvimento.
Enquanto isso, somos obrigados a nos deslocar em ônibus que, quase em sua totalidade dos destinos, pertencem a uma única empresa de transportes. Se o nosso atraso não permite transportar mercadorias pela estrada de ferro, ao menos que passe a servir ao transporte de passageiros, mais rápido, confortável e seguro. Não é preciso ser um perito excepcional em transporte público para constatar o absurdo da situação. A pergunta que se faz é: a quem interessa manter toda essa ineficiência, abreviando vidas e perdendo milhões de reais em estradas ineficientes e que não atendem mais a realidade do país?
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